sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Arca de Noé - por Said Leoni

E de repente acordou e não conseguiu controlar a imensa vontade do choro que brotara do pé de seus olhos, assim como uma criança manhosa que desaba em lágrimas após ter deixado o doce cair no asfalto, não controlava os soluços que pareciam cada vez mais fundos no peito, não sabia ao certo o que acontecia, com a vista embaçada observava a parede branca de seu quarto e um sentimento de vazio dominava sua mente, cambaleou até a porta e trancou-a para que ninguém presenciasse esta cena absurda, sentia-se como um jesus na cruz tendo que suportar todas as dores da humanidade, e mesmo não acreditando em anjos olhou para o teto implorando misericórdia, e chorou mais e mais, até que sua camisa se encharcasse e o nariz ardesse de tanto escorrer viscoso ranho, sentiu-se como os velhos que choram à toa pelos tempos passados, como as mães que perdem seus filhos prematuramente, e os enamorados que se separam indefinidamente mesmo querendo permanecer juntos, chorou pelos pobres que moram nas favelas sitiadas, pelos que passam fome e pelos que precisam de umas doses de pinga pela manhã para continuarem vivendo, chorou pela borboleta que só vive um dia e pelos animais em extinção, pela flor que amassara no dia anterior, chorou também as lembranças de quando era criança e não sabia muitas coisas da vida, chorou a vida, a morte e as incertezas e reticências, chorou também de felicidade mesmo não entendendo porque o fazia, chorou tanto e tudo que seus olhos secaram ao passo que seu quarto vinha alagado, e não sabendo nadar, morreu afogado de tanto chorar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Caceta Batata', opa, Leoni! Muito bom o texto!
Gostei muito do ritmo.. parabéns, o menino tá amadurecendo.

hahaha

Anônimo disse...

vai se fuder cacete


eu tinha esboçado um texto muito igual batata,

muito mesmo

só muda no final.
pra variar.


vai se fuder caralho.

Anônimo disse...

hahahahahahahahahahhaahah